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terça-feira, 5 de agosto de 2014

A falácia da estabilidade do imobiliário

Por Gonçalo Nascimento Rodrigues
Out of the Box
Main Thinker

OTBX, Consultoria em Finanças Imobiliárias, Lda.
Managing Director






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Muitas vezes ouvimos que o activo imobiliário é um activo estável, que não desvaloriza nem valoriza como outros activos financeiros, com maior grau de risco. É frequente, também, ouvirmos dizer que neste aspecto em particular, Portugal é (quase) um oásis da estabilidade, mercado onde o imobiliário nunca oscilou muito, sendo assim um refúgio para "águas mais turbulentas".

Não me parece que seja exactamente assim...

Leio recentemente uma excelente entrevista com Ricardo Sousa da Century 21, na qual ele fala de várias coisas muito importantes. Uma delas, sobre o valor médio de compra das casas em Portugal, a rondar os 140 mil euros no 1º semestre deste ano, valor esse superior em 29% (!) face a igual período de 2013. É uma valorização e tanto! Não vejo aqui nenhuma estabilidade... mas e como foi nos anos anteriores?

Fonte: INE

Segundo o INE, o valor médio dos prédios urbanos transaccionados em Portugal duplicou de valor entre 2000 e 2008, tendo já decrescido -25% desde esse ano. Só na cidade do Porto, o valor médio praticamente que triplicou em igual período, tendo descido metade do valor nos 4 anos seguintes.

O valor médio de um prédio urbano transaccionado em Lisboa foi, em 2012, de € 220.378, 61% acima do valor registado no ano 2000, representando assim uma valorização média anual na ordem dos 5%.

Estes dados parecem-me mostrar tudo menos estabilidade. O que não é mau, entenda-se! A volatilidade faz parte de qualquer activo financeiro. Uns terão mais que outros, é certo, e o mercado aceita e percepciona menor volatilidade nos activos imobiliários mas tal não significa que não o tenham.

O imobiliário tem volatilidade e tem risco associado e é bom que se entenda este activo desta forma. Os dados do INE e a entrevista de Ricardo Sousa permitem-nos concluir isso mesmo, para além de outro aspecto interessante (e que nada tem a ver com este tema): a Century 21, ao transaccionar casas a um valor médio de 140 mil euros, parece-me estar a posicionar-se acima do mercado que em 2012 transaccionou a um valor médio na ordem dos 95 mil euros. Para quem, como eu, gosta de conhecer o mercado e os seus agentes, este é um dado interessante. Como será que se comportam Remax e Era?

Bons negócios (imobiliários)!

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