Partner, Head of Property & Asset Management
Cushman & Wakefield
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Em imóveis de
rendimento, espaços vazios são o pesadelo de qualquer proprietário. Obrigam a um
esforço acrescido para assegurar despesas correntes; a um combate à degradação
dos equipamentos por falta de uso; a uma corrida contra o prazo fiscal para se
efectuar novo arrendamento sob pena de perda da possibilidade de renúncia à
isenção do IVA; a um maior esforço de promoção; elevam o risco de incumprimento
do financiamento; à perda de valor; para referir apenas algumas preocupações.
No actual mercado de
escritórios, a opção de recusa por um determinado candidato a inquilino pode ser
visto como um luxo a que poucos proprietários se podem dar. Com um take-up em 2013 na ordem dos 77.800 m2 – o mais baixo desde que há registo do
LPI, a pressão para se fecharem negócios é maior do que nunca e de natureza
diversa.
Não raras vezes a escolha de um novo inquilino parece resumir-se à aceitação das condições comerciais pelas quais o proprietário se dispõe a fechar o negócio. Até mesmo a salvaguarda através da obtenção de seguros e cauções, com os parcos depósitos em numerário a tomarem o lugar das garantias bancárias, cada vez mais difíceis de obter, tende a ser esquecida no processo.
1. Obtenha um
relatório de crédito
Existem no mercado
várias empresas especializadas na obtenção deste tipo de “raio-x” à saúde
financeira de um potencial inquilino. Das mais reputadas agências de notação
financeira até às mais locais, elas há para todos os gostos, bolsas e
especialização, consoante o tipo de informação pretendida. Trabalham em regime de
avença, mas também vendem relatórios “à peça”. Fazem o trabalho de casa por si e
vão ao detalhe de pesquisarem o cadastro do “inquilino” – por onde passou, se
deixou dívidas, se são bons pagadores, qual o feedback dos anteriores senhorios
a seu respeito, etc.
2. Google-it!
A informação
disponível através das redes sociais está à distância de um click e é gratuita.
Descubra os valores que anunciam. Conheça a cultura da empresa e a ética com que
pautam a sua conduta. Identifique o perfil dos funcionários e a tribo a que
pertencem. Será a actividade do novo inquilino concorrencial a alguma outra já
existente no imóvel? Será esta, saudável (ex: efeito agregador de um bom
tenant mix no sector da restauração) ou inconciliável (ex: um call-center
num edifício de advogados)?
3. Visite as actuais
instalações
Peça ao candidato a
inquilino para visitar o espaço que ocupa actualmente. A utilização que fazem
desse espaço é um prenúncio do que irão fazer no seu edifício. Estimam as
instalações? Respeitam os rácios de ocupação? Seguem as políticas de
sustentabilidade que anunciam? Medem os resíduos e consumos? Fale com os
colaboradores e ficará com uma ideia do grau de profissionalismo e exigência com
que irá lidar no futuro.
4. Conheça a
operação
Questione os
requisitos operacionais em que pretendem desenvolver a sua actividade – 09h/17h?
24h/7? Têm requisitos especiais de segurança? Quem vai utilizar os
estacionamentos – serão vários utilizadores para um mesmo lugar? Existem
necessidades particulares de cargas e descargas? O edifício encontra-se
preparado para acomodar operacionalmente todas as exigências? Qual o acréscimo
de serviços e consequente impacto nas despesas comuns que daí resultará para os
restantes ocupantes?
A resposta a estas
questões parece, à primeira vista, no domínio da simplicidade
Lapalissiana. Espantar-se-ia, porém, com a quantidade de exemplos em que
proprietários pressionados pelos investidores e pela avidez de alguns agentes
menos escrupulosos em fecharem negócios, fazem tábua rasa destas questões e
lançam à sorte o futuro dos seus activos.
Quanto mais
informação estiver na sua posse, mais consciente será a sua decisão e melhor o
clausulado do contrato a celebrar.
O papel de uma gestão
profissional, representando proprietários perante o mercado, seguindo protocolos
e check-lists certificados que aprofundam exaustivamente os pontos acima
aflorados é pois de primordial importância no aconselhamento e antecipação dos
impactos que podem resultar de uma escolha de um inquilino menos acertada.
Quando se administra
imobiliário de rendimento, administra-se quase sempre o património de terceiros.
A susceptibilidade deste ser mais ou menos impactado em função do risco com que
tomamos as nossas decisões é algo que devemos ter presente quando tivermos um
novo negócio em mãos.
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