Ouço variadíssimas vezes, e vindo de diversos actores, que essa coisa da bolha imobiliária em Portugal não existe. Nunca existiu, não existe e é patético quem diz que existe. Mais ainda, vai contra o espírito nacional dizer-se que temos uma bolha imobiliária.
Ao lado disto, levantam-se vozes daqueles que acham criminoso os bancos "despejarem" casas no mercado a baixo preço e que os "abutres" estão alinhados para comprar barato. Mais uma vez, também esta atitude quase mercenária vai contra o espírito nacional.
Por fim, que o arrendamento é a salvação do mercado, tem de haver mais casas para arrendar porque os Bancos, esses salafrários, não emprestam dinheiro para as pessoas comprarem casa.
Quem me conhece e vai lendo o que escrevo, sabe a minha opinião. O imobiliário, em Portugal, é caro. Se temos uma bolha, uma pequena borbulha ou qualquer coisa que possa ser espremida? Parece-me que sim. Isto porque, o preço não é uma variável assim tão importante, o que importa é saber se geramos rendimento para pagar o preço que se pede. E a resposta, para mim, é não. Temos um índice de afordabilidade elevado, mais elevado do que o desejado.
Vem isto a propósito de um artigo que li no The Economist há tempos e me fez lembrar estas vozes doutas e informadas do nosso mercado.
Quem acompanha o blog e vai lendo notícias de mercados estrangeiros, sabe que o mercado norte-americano tem recuperado. Sabe, também, que as rendas neste mercado têm disparado, que há locais com yields superiores a 10% e só em algumas regiões os preços ainda continuam a descer.
Tudo isto tem sido potenciado, em grande parte, pela entrada no mercado de novos actores. Quem? Esses tais abutres que muitos lhes chamam mas que eu, pelo meu defeito congénito, gosto de chamar... investidores. E estes investidores, informados como são, sabem fazer contas. E sabem que o investimento residencial é diferente dos demais investimentos imobiliários. Sabiam, também, que o mercado estava muito "aquecido", que haveria um surto de short-sales e que as compras poderiam ser feitas a bom preço e em quantidade. Ao mesmo tempo, que a procura pelo arrendamento iria aumentar fruto da crise do subprime. Vai disto, o buy-to-let poderia tornar-se um investimento interessante. E tornou-se.
Àqueles que julgam que os preços não devem cair, que não deve haver short-sales, que os Bancos não devem vender em pacote a baixo preço, no fundo, que o mercado não deve funcionar, eu tenho uma resposta: shame on you!
O nosso mercado precisa de investidores. E estes só aparecerão se o preço for o correcto, se o mercado for livre e transparente e se a rentabilidade for condizente com os seus interesses. Desengane-se aquele que julga que teremos um mercado de arrendamento activo sem investidores. Isso nunca acontecerá, pelo menos numa dimensão suficientemente atractiva para lhe chamarmos "mercado". E, para isso, os preços terão de baixar. A fiscalidade do arrendamento residencial terá de mudar. Os despejos de inquilinos faltosos terão de ser céleres. Ponto final.
O que esperamos?
Bons negócios (imobiliários)!
Ao lado disto, levantam-se vozes daqueles que acham criminoso os bancos "despejarem" casas no mercado a baixo preço e que os "abutres" estão alinhados para comprar barato. Mais uma vez, também esta atitude quase mercenária vai contra o espírito nacional.
Por fim, que o arrendamento é a salvação do mercado, tem de haver mais casas para arrendar porque os Bancos, esses salafrários, não emprestam dinheiro para as pessoas comprarem casa.
Quem me conhece e vai lendo o que escrevo, sabe a minha opinião. O imobiliário, em Portugal, é caro. Se temos uma bolha, uma pequena borbulha ou qualquer coisa que possa ser espremida? Parece-me que sim. Isto porque, o preço não é uma variável assim tão importante, o que importa é saber se geramos rendimento para pagar o preço que se pede. E a resposta, para mim, é não. Temos um índice de afordabilidade elevado, mais elevado do que o desejado.
Vem isto a propósito de um artigo que li no The Economist há tempos e me fez lembrar estas vozes doutas e informadas do nosso mercado.
Quem acompanha o blog e vai lendo notícias de mercados estrangeiros, sabe que o mercado norte-americano tem recuperado. Sabe, também, que as rendas neste mercado têm disparado, que há locais com yields superiores a 10% e só em algumas regiões os preços ainda continuam a descer.
Tudo isto tem sido potenciado, em grande parte, pela entrada no mercado de novos actores. Quem? Esses tais abutres que muitos lhes chamam mas que eu, pelo meu defeito congénito, gosto de chamar... investidores. E estes investidores, informados como são, sabem fazer contas. E sabem que o investimento residencial é diferente dos demais investimentos imobiliários. Sabiam, também, que o mercado estava muito "aquecido", que haveria um surto de short-sales e que as compras poderiam ser feitas a bom preço e em quantidade. Ao mesmo tempo, que a procura pelo arrendamento iria aumentar fruto da crise do subprime. Vai disto, o buy-to-let poderia tornar-se um investimento interessante. E tornou-se.
Àqueles que julgam que os preços não devem cair, que não deve haver short-sales, que os Bancos não devem vender em pacote a baixo preço, no fundo, que o mercado não deve funcionar, eu tenho uma resposta: shame on you!
O nosso mercado precisa de investidores. E estes só aparecerão se o preço for o correcto, se o mercado for livre e transparente e se a rentabilidade for condizente com os seus interesses. Desengane-se aquele que julga que teremos um mercado de arrendamento activo sem investidores. Isso nunca acontecerá, pelo menos numa dimensão suficientemente atractiva para lhe chamarmos "mercado". E, para isso, os preços terão de baixar. A fiscalidade do arrendamento residencial terá de mudar. Os despejos de inquilinos faltosos terão de ser céleres. Ponto final.
O que esperamos?
Bons negócios (imobiliários)!
1 comentário:
Caro Gonçalo,
muito bom artigo, concordo inteiramente.
esta questão faz-me lembrar aquela história do rei nú que todos diziam ir muito bem vestido...
um abraço
F
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