Hoje deixo-vos uma entrevista com Jorge Bota, sócio fundador da B. Prime. Ele explica-nos o que é a empresa e como nasceu, como se posiciona e quais os objectivos para o futuro.
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Gonçalo Nascimento Rodrigues (GNR): Fala-nos um pouco da B. Prime? Que tipo de serviços prestam? Qual o vosso posicionamento?
Jorge Bota (JB): A B. Prime é uma consultora imobiliária recentemente constituída, que nasce na sequência do encerramento em Portugal da DTZ, onde eu estava anteriormente, embora já viesse há algum tempo a pensar nesta hipótese. A dúvida era perceber qual o real peso de uma marca internacional versus a experiência e reconhecimento profissional das pessoas envolvidas.
O encerramento da DTZ proporcionou correr o risco de iniciar um projecto novo numa altura em que o mercado denota grandes dificuldades nesta área, pelo que acredito que se vencermos este período difícil, que julgo se prolongará até ao final de 2010, o projecto será vencedor, como aliás acredito profundamente.
Por outro lado, não vou negar que a oportunidade de ocupar o espaço deixado vago pela DTZ foi um factor determinante, embora hoje possa dizer que de facto o que é decisivo neste negócio são as pessoas e que as marcas internacionais são meras alavancas que funcionam apenas se estiverem ao serviço das pessoas certas.
A ideia da B. Prime é posicionar-se como uma consultora independente das marcas internacionais, com mais flexibilidade e disponibilidade para apoiar os clientes da forma que eles pretendem, e não nos standards que as outras consultoras adoptaram como paradigma do que deve ser feito. Concentramo-nos inicialmente na área dos escritórios, pois é a área que quer eu, quer o Paulo Henriques que se juntou ao projecto, nos dedicámos nos últimos 15 anos e que por isso conhecemos muito bem. Nesta área disponibilizamos todos os serviços habituais, ou seja, a agência com compra, venda e arrendamento de escritórios, quer representando proprietários quer ocupantes, investimento, projectos de arquitectura de interiores, obras de interiores e consultoria.
Além destas áreas para as quais temos valências internas, ainda disponibilizamos avaliações com a marca internacional DTZ através de um acordo que temos com essa empresa.
Aquilo que principalmente caracteriza a B. Prime é o facto de esta empresa ser constituída por profissionais experientes e reconhecidos e que ao mesmo tempo são sócios da empresa, podendo aqui desenvolver os seus projectos sem as limitações inerentes às grandes organizações internacionais, sendo ainda por cima co-proprietários de uma empresa para a qual participam com o seu trabalho.
GNR: E quem são os vossos principais concorrentes?
JB: São as demais consultoras do mercado, porque apesar da B. Prime neste momento apenas se dedicar aos escritórios, é nossa pretensão ir alargando o nosso âmbito de serviços com o convite a outros profissionais do mercado e posicionarmo-nos como uma empresa que cobre todas as áreas do imobiliário.
GNR: Não achas que pode haver “conflito de interesses” em prestar serviços de “tenant rep” e agenciamento de escritórios ao mesmo tempo? Não achas que serviços à procura e oferta de imóveis deveriam estar separados?
JB: Não, porque o que tem de ser definido desde o início, é para quem é que estás trabalhar, e é necessário que isso fique claro para todas as partes envolvidas. Por outro lado, um profissional que conheça bem ambas as áreas é muito mais eficaz e prestará garantidamente um melhor serviço e melhores resultados do que alguém que apenas representa uma das partes. O conhecimento do “outro lado” é muitas vezes a chave do sucesso para obter excelentes resultados para o nosso cliente e deixá-lo satisfeito, reconhecendo que os fees pagos foram largamente superados pelos benefícios obtidos.
GNR: Quais são os vossos objectivos para 2010?
JB: Os nossos objectivos para o próximo ano passam pela consolidação da nossa posição como um player a ter em conta no mercado de escritórios e gostaríamos de eventualmente alargar para uma nova área. Só ainda não consigo identificar qual das três mais prioritárias será aquela para a qual avançaremos, porque estará também dependente das necessidades dos nossos clientes. Mas já temos as pessoas identificadas e as condições para avançar!
GNR: Achas que ainda há espaço para se inovar na prestação de serviços de Consultoria no sector de escritórios? Como?
JB: A principal inovação que podemos fazer passa por acompanhar as tendências e boas práticas de mercados mais desenvolvidos e que estão mais numa posição de vanguarda. Depois, o que os clientes pretendem é que uma empresa como a nossa tenha quadros de elevada competência e com disponibilidade para os seus projectos e não segundas e terceiras linhas. É por aí que ainda se pode inovar. Claro que para isto é preciso ser eficiente e flexível para ser competitivo e disponibilizar consultores seniores ao preço da demais concorrência!
GNR: Que desafios se encerram hoje no nosso mercado de escritórios?
JB: Neste momento, o principal desafio é convencer as empresas que têm hoje uma oportunidade ímpar de poder arrendar um excelente escritório com condições altamente competitivas desde que estejam dispostas a garantir um bom período de permanência aos senhorios. Para isto é preciso estimular a parte da economia que se mantém a funcionar normalmente e abdicar das empresas que vêem nesta mudança um mero balão de oxigénio para ultrapassar as presentes dificuldades. Estas não podem ser boas clientes para o nosso cliente, ou seja o proprietário.
GNR: Tem havido procura de produto de escritórios para investimento? Como vês este sector (do investimento imobiliário em escritórios) a evoluir nos próximos meses?
JB: Este é um dos sectores que parece estar neste momento a recuperar, não só pela disponibilidade demonstrada pelos investidores em voltar ao mercado como também pela maior liquidez que têm e que os pressiona a encontrar aplicação.
Neste momento existem dois grandes grupos activos no mercado: o dos investidores institucionais que estão neste momento disponíveis para comprar produtos de qualidade superior, core ou core plus, e os investidores de pequena dimensão que vêem no presente uma oportunidade para adquirir imóveis que antes tinham grande dificuldade em fazê-lo, porque a pressão sobre os preços feita pelos institucionais que tinham excesso de liquidez e que compravam tudo, os afastava.
GNR: Com que principais aspectos se preocupa um cliente corporate, que procura um escritório? E um cliente proprietário, que pretende vender? E um cliente investidor, que pretende comprar para rendimento/ investimento?
JB: O cliente corporate procura essencialmente conciliar localização e qualidade técnica do escritório com um custo fixo mensal comportável para a sua actividade.
Já o proprietário pretende encontrar clientes que lhe dê garantia de permanência, de pagamento e um rendimento maximizado para o seu investimento.
O investidor, ao contrário do que se passava anteriormente, já não está só à procura de um rendimento mas também de um imóvel com qualidade e que tenha boas perspectivas de valorização futura e que seja fácil encontrar novos inquilinos caso os actuais venham a sair num futuro próximo.
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Jorge Bota (JB): A B. Prime é uma consultora imobiliária recentemente constituída, que nasce na sequência do encerramento em Portugal da DTZ, onde eu estava anteriormente, embora já viesse há algum tempo a pensar nesta hipótese. A dúvida era perceber qual o real peso de uma marca internacional versus a experiência e reconhecimento profissional das pessoas envolvidas.
O encerramento da DTZ proporcionou correr o risco de iniciar um projecto novo numa altura em que o mercado denota grandes dificuldades nesta área, pelo que acredito que se vencermos este período difícil, que julgo se prolongará até ao final de 2010, o projecto será vencedor, como aliás acredito profundamente.
Por outro lado, não vou negar que a oportunidade de ocupar o espaço deixado vago pela DTZ foi um factor determinante, embora hoje possa dizer que de facto o que é decisivo neste negócio são as pessoas e que as marcas internacionais são meras alavancas que funcionam apenas se estiverem ao serviço das pessoas certas.
A ideia da B. Prime é posicionar-se como uma consultora independente das marcas internacionais, com mais flexibilidade e disponibilidade para apoiar os clientes da forma que eles pretendem, e não nos standards que as outras consultoras adoptaram como paradigma do que deve ser feito. Concentramo-nos inicialmente na área dos escritórios, pois é a área que quer eu, quer o Paulo Henriques que se juntou ao projecto, nos dedicámos nos últimos 15 anos e que por isso conhecemos muito bem. Nesta área disponibilizamos todos os serviços habituais, ou seja, a agência com compra, venda e arrendamento de escritórios, quer representando proprietários quer ocupantes, investimento, projectos de arquitectura de interiores, obras de interiores e consultoria.
Além destas áreas para as quais temos valências internas, ainda disponibilizamos avaliações com a marca internacional DTZ através de um acordo que temos com essa empresa.
Aquilo que principalmente caracteriza a B. Prime é o facto de esta empresa ser constituída por profissionais experientes e reconhecidos e que ao mesmo tempo são sócios da empresa, podendo aqui desenvolver os seus projectos sem as limitações inerentes às grandes organizações internacionais, sendo ainda por cima co-proprietários de uma empresa para a qual participam com o seu trabalho.
GNR: E quem são os vossos principais concorrentes?
JB: São as demais consultoras do mercado, porque apesar da B. Prime neste momento apenas se dedicar aos escritórios, é nossa pretensão ir alargando o nosso âmbito de serviços com o convite a outros profissionais do mercado e posicionarmo-nos como uma empresa que cobre todas as áreas do imobiliário.
GNR: Não achas que pode haver “conflito de interesses” em prestar serviços de “tenant rep” e agenciamento de escritórios ao mesmo tempo? Não achas que serviços à procura e oferta de imóveis deveriam estar separados?
JB: Não, porque o que tem de ser definido desde o início, é para quem é que estás trabalhar, e é necessário que isso fique claro para todas as partes envolvidas. Por outro lado, um profissional que conheça bem ambas as áreas é muito mais eficaz e prestará garantidamente um melhor serviço e melhores resultados do que alguém que apenas representa uma das partes. O conhecimento do “outro lado” é muitas vezes a chave do sucesso para obter excelentes resultados para o nosso cliente e deixá-lo satisfeito, reconhecendo que os fees pagos foram largamente superados pelos benefícios obtidos.
GNR: Quais são os vossos objectivos para 2010?
JB: Os nossos objectivos para o próximo ano passam pela consolidação da nossa posição como um player a ter em conta no mercado de escritórios e gostaríamos de eventualmente alargar para uma nova área. Só ainda não consigo identificar qual das três mais prioritárias será aquela para a qual avançaremos, porque estará também dependente das necessidades dos nossos clientes. Mas já temos as pessoas identificadas e as condições para avançar!
GNR: Achas que ainda há espaço para se inovar na prestação de serviços de Consultoria no sector de escritórios? Como?
JB: A principal inovação que podemos fazer passa por acompanhar as tendências e boas práticas de mercados mais desenvolvidos e que estão mais numa posição de vanguarda. Depois, o que os clientes pretendem é que uma empresa como a nossa tenha quadros de elevada competência e com disponibilidade para os seus projectos e não segundas e terceiras linhas. É por aí que ainda se pode inovar. Claro que para isto é preciso ser eficiente e flexível para ser competitivo e disponibilizar consultores seniores ao preço da demais concorrência!
GNR: Que desafios se encerram hoje no nosso mercado de escritórios?
JB: Neste momento, o principal desafio é convencer as empresas que têm hoje uma oportunidade ímpar de poder arrendar um excelente escritório com condições altamente competitivas desde que estejam dispostas a garantir um bom período de permanência aos senhorios. Para isto é preciso estimular a parte da economia que se mantém a funcionar normalmente e abdicar das empresas que vêem nesta mudança um mero balão de oxigénio para ultrapassar as presentes dificuldades. Estas não podem ser boas clientes para o nosso cliente, ou seja o proprietário.
GNR: Tem havido procura de produto de escritórios para investimento? Como vês este sector (do investimento imobiliário em escritórios) a evoluir nos próximos meses?
JB: Este é um dos sectores que parece estar neste momento a recuperar, não só pela disponibilidade demonstrada pelos investidores em voltar ao mercado como também pela maior liquidez que têm e que os pressiona a encontrar aplicação.
Neste momento existem dois grandes grupos activos no mercado: o dos investidores institucionais que estão neste momento disponíveis para comprar produtos de qualidade superior, core ou core plus, e os investidores de pequena dimensão que vêem no presente uma oportunidade para adquirir imóveis que antes tinham grande dificuldade em fazê-lo, porque a pressão sobre os preços feita pelos institucionais que tinham excesso de liquidez e que compravam tudo, os afastava.
GNR: Com que principais aspectos se preocupa um cliente corporate, que procura um escritório? E um cliente proprietário, que pretende vender? E um cliente investidor, que pretende comprar para rendimento/ investimento?
JB: O cliente corporate procura essencialmente conciliar localização e qualidade técnica do escritório com um custo fixo mensal comportável para a sua actividade.
Já o proprietário pretende encontrar clientes que lhe dê garantia de permanência, de pagamento e um rendimento maximizado para o seu investimento.
O investidor, ao contrário do que se passava anteriormente, já não está só à procura de um rendimento mas também de um imóvel com qualidade e que tenha boas perspectivas de valorização futura e que seja fácil encontrar novos inquilinos caso os actuais venham a sair num futuro próximo.
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Jorge Bota iniciou a sua carreira no sector imobiliário há 15 anos na José de Mello Imobilária. Passou depois pela Cushman & Wakefield e Imocom até chegar a Director do Departamento de Escritórios da DTZ.
Foi no rescaldo do fecho da operação em Portugal que avançou para a constituição da B. Prime, em Abril de 2009.
Em 2007 foi distinguido pelo prémio europeu da Property Week como a melhor agencia de escritórios a nível europeu, onde Portugal teve um papel activo, e é membro do Royal Institute of Chartered Surveyors (MRICS).
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