Vinha hoje noticiado no Canal de Negócios que a construção de casas novas em Espanha estava a cair em queda livre. Até final de Setembro, 2009 contava com cerca de 25% apenas das casas novas construídas em igual período de 2008. A diferença é significativa.
Nos Estados Unidos a situação também não está melhor nem se prevê que venha a estar. Na realidade, a construção de casas novas está muito estabilizada entre as 500 e 600 mil casas, muito longe dos valores acima de 1 milhão de casas verificado em 2007 e 2008.
Mas o que é curioso nestes dados é que, pela primeira vez, o mercado parece não se importar muito com isso. Pelo gráfico que se segue, podemos verificar que historicamente, a correlação entre o índice de confiança dos construtores - medido pelo índice HMI - e o S&P 500 sempre foi bastante forte. Mas a partir de 2006 - pico do mercado de habitação dos Estados Unidos - essa correlação deixou de se verificar da mesma forma. Na realidade, em 2009 deixou mesmo de existir!
Quererá isto dizer que os fundamentais do mercado imobiliário mudaram? Que estamos num ciclo de alta especulativa nos mercados financeiros?
Ainda este fim-de-semana jantava com um amigo que trabalha em mercado de capitais. Perguntei-lhe quais eram as expectativas dele para 2010 e ele respondeu-me que eram boas, pela simples razão que, enquanto tivermos taxas de juro tão baixas, os investidores institucionais terão poucas alternativas de alocação de dinheiro. Por esta razão, e somente por esta razão, as suas expectativas para 2010 apontavam para uma continuação na subida do mercado de capitais.
A questão fundamental, para mim, é que isto pode criar 2 problemas:
- Torna os bancos centrais "reféns" dos investidores e dos mercados financeiros. Os primeiros não podem iniciar uma subida sustentada das taxas de juro sem que a confiança retorne em pleno, a economia inicie uma recuperação sustentada, sob pena dos segundos iniciarem uma retirada em massa dos mercados financeiros;
- Podemos estar a criar uma nova bolha, quer nos mercados financeiros como no mercado imobiliário, dado que a recuperação nas vendas de habitações nos Estados Unidos está a ser impulsionada por baixas históricas das taxas de juro e por benefícios fiscais. Quando tudo isto terminar, será que os mercados aguentarão?
Bons negócios (imobiliários)!
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