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quinta-feira, 14 de abril de 2011

O FMI e a Habitação em Portugal

É notícia de hoje no Diário de Notícias que o FMI pretende aumentar os preços no sector da habitação em Portugal para conter o endividamento das famílias. Ao mesmo tempo, pretendem apostar e dinamizar o mercado de arrendamento.

Fico confuso com estas propostas... se os preços aumentam, para a mesma rentabilidade exigida por um investidor, isso significa que as rendas também terão de aumentar, algo que me parece que não irá dinamizar o mercado de arrendamento, bem pelo contrário!

Por outro lado, não me parece que a questão do endividamento se resolva ou combata com o aumento do preço das casas. Acho que é o próprio mercado quem tratará disso o que aliás vemos bem nos spreads exigidos hoje pela banca. Hoje, é muito mais caro, mais exigente e mais difícil recorrer a um crédito hipotecário para comprar habitação própria.


Diferencial da Taxa de Juro Implícita no Crédito Habitação face à Euribor 3m

Fonte: euribor.org, INE


Além disso, desde 2007 que o ritmo de crescimento de crédito habitação é muito mais lento que os anos anteriores.

Fonte: Banco de Portugal, INE


E, last but not least, como é que o FMI vai aumentar o preço das casas? Por decreto?! Os nossos Promotores Imobiliários devem estar muito contentes, os bancos também. Afinal o mercado está barato e nós não sabiamos. Até eu estou contente, a minha casa vai valer mais. Resta saber quem a comprará... mesmo que o FMI diga que ela vale mais! Será que nos € 80 mil milhões de bailout, há lá algum cheque para comprarem a minha casa?

Bons negócios (imobiliários)!

7 comentários:

Paulo Henriques disse...

Se o FMI quiser aumentar o preço das casas basta aumentar o IMT que incide directamente no valor de venda da propriedade.

Se forem um pouco mais engenhosos podem até criar um imposto extraordinário que incida apenas sobre transacções de Imóveis construídos novos, o que faria com que os preços não se inflacionassem a montante e potenciando-se assim o seu arrendamento. Enfim a imaginação é o limite.

Ricardo Roquette disse...

Caro Gonçalo, também eu fiquei confuso ao ler essa noticia mas parece-me que terá havido alguma precipitação na divulgação desta informação. Com sorte talvez se trate apenas da sede dos media em comunicar as primeiras medidas da intervenção do fundo.

Quanto às possíveis formas de aumento só espero que não o façam através de incrementos do IMT e do IMI porque por decreto, ainda que também gostasse de ver subir o valor da minha casa, concordo que de nada serviria para o mercado de arrendamento.

Já agora, e a este propósito, que tal o FMI dar uma vista de olhos ao enquadramento legal e fiscal da nossa politica de arrendamento? Se calhar não era má ideia…
Aguardemos então as cenas dos próximos episódios.

Abraço,
Ricardo Roquette.

Gonçalo Nascimento Rodrigues disse...

Já não bastava a enorme incidência fiscal no imobiliário em Portugal e a solução passar por aumento de impostos na aquisição.

É curioso ver os vossos 2 comentários: o Paulo apresenta uma possível solução para o aumento dos preços das casas, o Ricardo diz que espera que essa não seja a solução.

Mas é um pouco como o Ricardo diz: se em vez de andarmos a falar de disparates, pensássemos seriamente em dinamizar o arrendamento per si? Que soluções existem? Que alternativas?

Adriano disse...

Para alcançar os dois objetivos poderia ser estimulada a compra de imóveis por investidores estrangeiros mediante fim da incidência de impostos sobre as rendas com aluguéis. Desse modo dinamizaria a venda e locação sem aumentar o endividamento das famílias.

António Pena do Amaral disse...

Meus caros

Eu fiquei de tal forma estupefacto, aque acabei por atribuir a notícia a um jornalista menos atento, o que infelizmente acontece com alguma frequência. é que é de tal forma absurda, que não pode ser verdade. Vamos ver.

Abraço

Pedro Silva disse...

Se bem me recordo os preços são formados pela Lei da Oferta e da Procura.

De facto concordo com o Paulo, e certamente será a forma mais evidente e mais fácil, aumentar o IMT e IMI! No entanto isso só iria prejudicar os investidores, e estes, começariam a olhar para outras formas de investimento.
Se os investidores privados não "tratarem" de ter imóveis para "dar" à população, o Estado ficaria com essa responsabilidade.
(logo mais despesa para o Estado!)

Portanto há todo o interesse em estimular o INVESTIMENTO imobiliário e não a aquisição de habitação PRÓPRIA PERMANENTE.(já que querem travar o endividamento das famílias)

De forma a estimular os investidores (estrangeiros e NACIONAIS, Adriano...) poderiam ser criados incentivos como existe nos EUA. Do tipo, poder abater uma percentagem do valor do imóvel, aos lucros das rendas, ao longo de vários anos como degradação/desvalorização. (EUA: habitação 27,5anos e o comercial 39 anos).
Neste caso o acesso é vedado aos investidores e não aos privados.

Outra forma seria de facto alterar a fiscalidade no imobiliário. Confesso que a ideia do Adriano, na abolição total dos impostos sobre as rendas, é bastante ambiciosa. (mas não diria "não" a essa proposta).

Uma alteração/maior flexibilidade no RAU seria interessante.

Citando o Paulo Henriques:
"a imaginação é o limite!"

O endividamento das famílias, que tanto se quer travar, tem uma única origem: falta de educação financeira!
Por isso, Sr Estado, vamos começar a educar financeiramente as famílias e criar condições aos investidores para cuidar do património imobiliário do nosso país.

Abraço,
Pedro Silva

Pedro Silva disse...

Correcção:

"...o acesso é vedado aos PRIVADOS"