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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O arrendamento como motor do sector residencial

Por Gonçalo Nascimento Rodrigues
Out of the Box
Main Thinker

OTBX, Consultoria em Finanças Imobiliárias, Lda.
Managing Director






Os números do sector residencial norte-americano continuam a surpreender. Depois do índice S&P Case-Shiller divulgar números animadores, que parecem confirmar uma tendência de recuperação no mercado, chegaram-nos agora os números de construções de casas novas, com um aumento significativo.

                               Fonte: NAHB


As 285.000 mil novas construções de edifícios com mais de 5 apartamentos, em Outubro passado, são um número espantoso, principalmente quando se percebe que representam uma subida de 10% face a Setembro de 65% face a Outubro de 2011.

As licenças para novas construções também subiram em Outubro, estando quase 30% acima dos valores registados em igual período do ano passado.

                               Fonte: US Census Bureau

Estes números revelam-nos confiança no mercado, da parte do sector da construção, em avançar com projectos e construções de edifícios multi-familiares. Mas o que terá levado a esta subida, este aumento da confiança? Apesar do mercado estar a recuperar, não é ainda totalmente certo que as quedas não voltem tão cedo.

Por um lado, a oferta é cada vez menor, o stock reduziu-se bastante nos últimos anos. Segundo a REALTOR.com, em Setembro passado registou-se uma queda dos inventários de quase 18%, em apenas um ano:

                                Fonte: REALTOR.com

A redução do stock deveu-se, sobretudo, a uma forte subida na procura, pelo arrendamento de casas. Com a subida da procura e a descida da oferta, devido a uma quebra grande nas novas construções - até agora - levou naturalmente a uma forte subida das rendas:

                                                  Fonte: US Census Bureau

A descida do stock em venda também está relacionada, em parte, com um aumento da compra de casas, mas por investidores e não por utilizadores finais. Com o aumento das rendas e a descida dos preços, a rentabilidade no investimento em casas nos Estados Unidos disparou.

Caso se continue a verificar uma subida nas novas construções, será provável e, quem sabe, até mesmo saudável para o mercado, que as rendas corrijam em baixa. No entanto, as expectativas é que o investimento no sector se mantenha elevado, segundo um relatório da Macquarie.

                               Fonte: Macquarie Research

Gostaria de poder antecipar estes mesmos movimentos de mercado para Portugal. Mas não acredito ser possível, não acredito que vá acontecer. Não acredito que o mercado de arrendamento se torne o motor do sector residencial em Portugal. Ao contrário do que está a acontecer nos Estados Unidos, julgo que Portugal irá observar uma descida das rendas (nos contratos novos) e uma lenta, muito lenta absorção do stock. Não haverá aumento da procura de não teremos, tão cedo, de volta a confiança no mercado, tão dependente da nossa conjuntura macroeconómica, política, social.

Bons negócios (imobiliários)!

2 comentários:

Anónimo disse...

Nada de surpreendente depois de uma forte contracção surge a recuperação. Importante entender que o gráfico da construção inicia uma forte desaceleração após 2006 e a lemmon brothers só acontece em 2008 fruto desta recessão no imobiliário. A recuperação iniciada em 2011 é rápida e parece ser dinâmica para os próximos anos.
Seria expectável um crescimento mais moderado e que os ciclos não fossem tão desajustados.
Em Portugal necessitamos rápidamente de sinais de mudança porque os gráficos nao terão assim tantas diferenças. A história repete-se, vamos ver !
Abraço e parabéns pelo seu blog.
Fernando Neves

Gonçalo Nascimento Rodrigues disse...

Eu até acho algo surpreendente, devo dizer, mas olhando para as razões desta recuperação, entendo.

Mas temos de ter noção de uma coisa: a sustentabilidade de qualquer mercado residencial só é possível se houver, consistentemente, construção/reabilitação e compra de casas para uso próprio.

Esta recuperação nos EUA acontece devido à combinação de uma entrada massiva de investidores em buy-to-let e redução do stock, só possível porque existe mercado de arrendamento dinâmico e com procura.

Mas este movimento não me parece que possa durar muito tempo por forma a criar sustentabilidade no mercado (estamos a falar de vários anos e não alguns meses).

Vamos ver o que os próximos meses nos reserva...