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terça-feira, 22 de outubro de 2013

As duas velocidades


Fernando Vasco Costa
Strategic Consultancy
Jones Lang LaSalle










«Não há liquidez nem financiamento para recuperar edifícios sem actividade económica que os ocupe.»

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Nestes tempos conturbados da vida nacional muito se tem referido as diferentes velocidades e capacidades de ajustamento a esta nova realidade que vivemos.

Uma velocidade mais rápida, de quem já se ajustou e já está a trabalhar para o futuro, a promover novas ideias de negócio e a racionalizar custos de produção de modo a poder competir em novos mercados, normalmente associada ao sector privado.

Outra velocidade, mais lenta,  quase parada, que queria que tudo se mantivesse como era antes e que está em completa negação perante todas as mudanças que já aconteceram.


O mesmo se passa no nosso imobiliário. Existem alguns que já se adaptaram à nova realidade, que reformularam projectos, que abriram espaços e rentabilizaram o seus activos, ajustando preços mas também custos a que o mercado pode suportar.

Mas também temos aqueles que ainda não se mexeram, que esperam que a tempestade passe e que os “bons tempos” voltem. Insistem ainda em projectos e fórmulas antigas, suportados em avaliações e em “crenças” desactualizadas.

Felizmente, temos trabalhado muito do “lado bom da força”, assistindo a uma dinâmica que raramente passa nas notícias, novos conceitos, lojas a abrir e a expandirem-se, novas profissões e  antigos ofícios reinventados, que procuram os seus espaços e novos públicos.

Aqui já não se fala em crise há muito tempo, mas sim nas oportunidades tão diversas que entretanto surgiram, novas necessidades de comércio de proximidade e conveniência, no grande aumento de turistas que temos em Lisboa e no Porto, nas oportunidades criadas pelos Golden Visa e pelo Regime Fiscal para residentes não habituais, pelos novos serviços e plataformas online, entre tantas outras.

Esta(s) nova(s) realidade(s) criam novos públicos e por isso pedem uma diversificação do nosso imobiliário, criando nichos de mercado que o tornam mais interessante e desafiante.

Sei que ainda há pessoas que acham que a LX Factory não tem condições para trabalhar, geralmente não percebem que há novas formas de trabalho com diferentes necessidades, mais importante, novas formas de interacção entre pessoas e negócios.

São estes novos negócios que têm contribuído bastante para a reabilitação do centro das nossas cidades, não com uma renovação profunda do edificado, mas sim com o que consideramos mais importante, que é a sua dinamização e atracção de novos públicos.

Este é o caminho para a Reabilitação Urbana dinamizar e criar riqueza para depois poder recuperar edifícios. Não há liquidez nem financiamento para recuperar edifícios sem actividade económica que os ocupe.

Acredito que alguns dos focos de dinamização estão já a contagiar positivamente outras localizações e há novos conceitos e ideias para desenvolver e implementar. Quem diria há 5 anos que havia espaço para uma cadeia de novas pastelarias, num mercado cheio de snack-bares e cafés? Quem adivinhava há 3 anos a proliferação de novas casas de hambúrgueres no pão? Já para não falar nos Hostels e nos apartamentos de arrendamento temporário…

Sabemos que podem representar (ainda) uma pequena percentagem do nosso imobiliário e é claro que continuam a existir outros mercados mais convencionais que é preciso também saber responder, mas é importante compreendermos estes novos nichos e tentar que nos ajudem a rentabilizar os nossos activos.

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