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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um banho de realidade

O Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, publicado na semana passada, veio trazer a lume os problemas que ainda subsistem na Banca Portuguesa, com enfoque para o imobiliário mal-parado. Segundo a referida publicação, os Bancos em Portugal terão qualquer coisa como 8 mil milhões de euros em imobiliário nos seus balanços, sendo esta uma das maiores ameaças à estabilidade do nosso sector bancário e financeiro. É um crescimento de 1000% em 8 anos.

Adicionalmente, a Banca conta no seu balanço com um valor na ordem dos 5 mil milhões de euros em unidades de participação de fundos imobiliários, sendo essa exposição superior nos fundos abertos (quase metade das UP's em circulação).

Durante os últimos anos, os Bancos em Portugal substituíram-se aos participantes na subscrição dos Fundos Imobiliários, por forma a garantir a liquidez e a solvabilidade dos mesmos. O caso torna-se mais preocupante nos fundos abertos, já que estes podem ser resgatados a todo o momento, a não ser que a respectiva sociedade gestora proíba esses resgates (tal como aconteceu em Espanha no pico da crise imobiliária e financeira). Ao invés, injectam liquidez nesses veículos, tomam a posição de subscritor, aguentando assim o valor da unidade de participação.

Estes dados agora publicados pelo Banco de Portugal são um claro sinal à navegação que os problemas não estão, de todo, resolvidos. Já aqui no blog alertamos para o contínuo crescimento do mal-parado e já muitas vezes falamos sobre esta questão dos fundos imobiliários.

Muito há ainda por fazer mas como é nosso hábito, estes alertas passarão em claro, sem lhes ser dada a devida atenção, até ao dia em que um fundo imobiliário cancele os resgates ou em que um Banco volte a falir e se descubra o tamanho de mais um enorme buraco a ter de ser tapado.

Até lá, bons negócios (imobiliários)!

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Por Gonçalo Nascimento Rodrigues
Main Thinker
Managing Director

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