As notícias mais recentes nos mercados financeiros levam-me a escrever hoje algumas linhas sobre o estado da nossa dívida.
PIGS: conjunto de iniciais que significam Portugal, Italy, Greece e Spain. PIGS. Nos mercados financeiros, somos conhecidos por sermos um PIG (porco). Há quem seja BRIC (tijolo), nós somos PIG.
Não me aflije ser considerado um "porco" - até gosto da carne, confesso! O que me aflije, com muita sinceridade, é viver num País governado e gerido por pessoas incapazes de nos tirar da lama onde, nós "porcos", vivemos.
Leiam este conjunto de notícias que têm saído na imprensa nacional e internacional:
Portugal, Spain Lead Worldwide Decline in Stocks; Dollar Gains
Só a Venezuela cai mais do que a bolsa de Lisboa em 2010
Receios dos investidores catapultam risco da dívida de Portugal
Portugal, Greece Lead Surge in Sovereign Debt Risk on Deficits
Nos últimos dias, a dívida portuguesa tem visto subir a sua yield nos mercado internacionais. O custo de segurar essa dívida, disparou. O PSI-20 acumula, neste momento, 11% de queda em 2010.
Parece-me ser tempo destas variáveis financeiras entrarem, definitivamente, no processo de tomada de decisões em Portugal. Devemos todos ter clara noção que o Estado não é uma entidade extraterrestre, intocável e infalível.
Deixo-vos este post porque me parece que estamos a correr sérios riscos financeiros. Estas mexidas nos mercados financeiros têm, a curto prazo, reflexo na vida das empresas e dos particulares. Quanto mais cara for a dívida emitida pelo Estado, mais cara será a dívida contraída pelos bancos e esse custo passará para a economia, reflectindo-se numa subida dos custos dos empréstimos a empresas e particulares. Esses não têm e não terão condições para pagar dinheiro tão caro.Recentemente escrevia para a Revista Imobiliária que estes movimentos teriam claras consequências no investimento imobiliário em Portugal, podendo reflectir-se no início de um novo ciclo de subidas nas yields.
Uma solução, que poderia passar por um Orçamento de Estado exemplar, perdeu-se. Ficamos contentes por baixar o déficit em 1 ponto percentual. Achamos ser um cataclismo baixar a despesa corrente do Estado, e aceitamos que os impostos indirectos possam ter de subir.
Adicionalmente, sentimo-nos confortáveis em pagar elevados vencimentos a gestores públicos, cujas empresas por si geridas dão prejuízo. E temos medo em anunciar um corte transversal nas despesas do Estado, inclusive, nos vencimentos dos nossos políticos. Acham uma medida demagógica? A mim parece-me que, sobretudo, daria um (bom) exemplo.
Eu sempre trabalhei no sector privado e sempre me habituei a trabalhar em função da facturação, da rendibilidade e no cumprimento de objectivos estratégicos, objectivos esses comuns, para um bem comum, não pessoais. Parece-me ser tempo do Estado começar a fazer o mesmo.
Para mim, cataclismo é ter de subir outra vez os impostos ou ver as empresas sem conseguir receber nem obter financiamento para a sua actividade.
Para mim, cataclismo é ver que o maior devedor no País é o próprio Estado, que assim estrangula o fundo de maneio de grande parte do nosso tecido empresarial.
Espero não estarmos à beira de uma ruptura financeira em Portugal. Isso, sim, seria um verdadeiro cataclismo!
Bons negócios (imobiliários)!
PIGS: conjunto de iniciais que significam Portugal, Italy, Greece e Spain. PIGS. Nos mercados financeiros, somos conhecidos por sermos um PIG (porco). Há quem seja BRIC (tijolo), nós somos PIG.
Não me aflije ser considerado um "porco" - até gosto da carne, confesso! O que me aflije, com muita sinceridade, é viver num País governado e gerido por pessoas incapazes de nos tirar da lama onde, nós "porcos", vivemos.
Leiam este conjunto de notícias que têm saído na imprensa nacional e internacional:
Portugal, Spain Lead Worldwide Decline in Stocks; Dollar Gains
Só a Venezuela cai mais do que a bolsa de Lisboa em 2010
Receios dos investidores catapultam risco da dívida de Portugal
Portugal, Greece Lead Surge in Sovereign Debt Risk on Deficits
Nos últimos dias, a dívida portuguesa tem visto subir a sua yield nos mercado internacionais. O custo de segurar essa dívida, disparou. O PSI-20 acumula, neste momento, 11% de queda em 2010.
Parece-me ser tempo destas variáveis financeiras entrarem, definitivamente, no processo de tomada de decisões em Portugal. Devemos todos ter clara noção que o Estado não é uma entidade extraterrestre, intocável e infalível.
Deixo-vos este post porque me parece que estamos a correr sérios riscos financeiros. Estas mexidas nos mercados financeiros têm, a curto prazo, reflexo na vida das empresas e dos particulares. Quanto mais cara for a dívida emitida pelo Estado, mais cara será a dívida contraída pelos bancos e esse custo passará para a economia, reflectindo-se numa subida dos custos dos empréstimos a empresas e particulares. Esses não têm e não terão condições para pagar dinheiro tão caro.Recentemente escrevia para a Revista Imobiliária que estes movimentos teriam claras consequências no investimento imobiliário em Portugal, podendo reflectir-se no início de um novo ciclo de subidas nas yields.
Uma solução, que poderia passar por um Orçamento de Estado exemplar, perdeu-se. Ficamos contentes por baixar o déficit em 1 ponto percentual. Achamos ser um cataclismo baixar a despesa corrente do Estado, e aceitamos que os impostos indirectos possam ter de subir.
Adicionalmente, sentimo-nos confortáveis em pagar elevados vencimentos a gestores públicos, cujas empresas por si geridas dão prejuízo. E temos medo em anunciar um corte transversal nas despesas do Estado, inclusive, nos vencimentos dos nossos políticos. Acham uma medida demagógica? A mim parece-me que, sobretudo, daria um (bom) exemplo.
Eu sempre trabalhei no sector privado e sempre me habituei a trabalhar em função da facturação, da rendibilidade e no cumprimento de objectivos estratégicos, objectivos esses comuns, para um bem comum, não pessoais. Parece-me ser tempo do Estado começar a fazer o mesmo.
Para mim, cataclismo é ter de subir outra vez os impostos ou ver as empresas sem conseguir receber nem obter financiamento para a sua actividade.
Para mim, cataclismo é ver que o maior devedor no País é o próprio Estado, que assim estrangula o fundo de maneio de grande parte do nosso tecido empresarial.
Espero não estarmos à beira de uma ruptura financeira em Portugal. Isso, sim, seria um verdadeiro cataclismo!
Bons negócios (imobiliários)!
5 comentários:
Totalmente de acordo.
Ana Castro
Subescrevo totalmente.
Neste estado, onde os partidos tudo manipulam, é bom que a informação sobre a real situação do país não seja mais dissimulada. Já agora, algo a despropósito, seria bom ouvir o Medina Carreira, na TV em horário nobre, fazer a exposição de uma hora sobre o estado da Nação que há tanto reclama. Seria muito provávelmente um dos melhores exercícios de "serviço público" de que há memória.
Luis Piedade
Aproveito para deixar aqui um breve esclarecimento, na sequência de várias mensagens que recebi: actualmente, a sigla PIGS é mais conhecida por PIIGS, para englobar a Irlanda...
O título deste post pretende ser sugestivo, apenas isso, mas tocar num tema fundamental, a dívida pública.
Agora parece que somos chamados de estúpidos!
http://economico.sapo.pt/noticias/depois-dos-pigs-portugal-esta-agora-entre-os-stupid_81054.html
Bom, para os políticos e a população em geral tirar o país da lama, é conveniente que haja vontade para isso. E sem dúvida, que demasiados até gostam da lama, pois é onde "se mexem melhor".
Concretizando para o mercado imobiliário, por exemplo, o que seria para muitos que beneficiam do actual status quo se de facto um licenciamento deixasse de ser algo aleatório e sujeito a forças ocultas?
A situação financeira precária de Portugal tão pouco é uma novidade, e a única maneira credível de haver alguma mudança é vir alguém do estrangeiro dar-nos ordens do que devemos fazer. Desse modo, ilibam-se os políticos actuais do espectro do mau da fita que impõe medidas duras (mas necessárias). Um remake do FMI nos anos 80 a caminho, mas nas mãos da Comissão Europeia. Não hajam ilusões.
Jorge Silva
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