Por Francisco Barros Virgolino
Director da Proprime
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Depois de sofrer o
impacto da crise financeira internacional, a qual acabou por refletir-se no
abrandamento do ritmo de desenvolvimento, o mercado imobiliário Angolano
assiste agora a um novo período de expansão, embora numa conjuntura diferente e
com características longe do início da década passada, em que se verificou um
boom nas vendas a qualquer valor e uma absorção de produtos ainda em planta.
Além de uma procura mais alargada e com o aumento do poder de compra a
generalizar-se, e da crescente profissionalização da indústria imobiliária, o
Governo tem atualmente uma enorme abertura na criação de mecanismos e programas
que, por um lado, atentam no desenvolvimento económico e social do país e, por
outro, permitam satisfazer as necessidades da população no acesso à habitação.
No mercado imobiliário,
os segmentos de habitação e escritórios continuaram, em 2014, a ser os mais
ativos, embora as oportunidades de investimento sejam também muito claras em
mercados como o de retalho ou de imobiliário industrial. Na habitação em
Luanda, assiste-se a um novo dinamismo, fruto do projeto âncora de
requalificação da Baía de Luanda e do potencial de oportunidades face à emergência
da classe média. E, apesar da classe alta e média-alta angolana e das grandes
multinacionais terem continuado a ser as franjas mais dinâmicas da procura,
estão agora a surgir novos empreendimentos para a classe média, com preços mais
baixos e localizados fora de centro da cidade de Luanda e de Talatona, o que
deverá conduzir a um ajustamento dos valores de mercado já que também o ritmo
de vendas junto das classes alta e média-alta tem vindo a abrandar.
O mercado de escritórios
de Luanda, por seu lado, continuou a registar bons níveis de procura,
especialmente por parte das empresas das áreas financeira e petrolífera,
influenciado pela conjuntura económica favorável. Os espaços modernos são ainda
escassos, mas a nova oferta que surge no mercado tem cada vez maior qualidade e
nos próximos anos deverá atingir-se um maior equilíbrio entre a oferta e a
procura de escritórios e, por conseguinte, a uma normalização dos valores de
mercado.
No turismo, o imobiliário
tem estado fortemente ancorado em hotéis sobretudo direcionados para o segmento
corporate, mas a oferta nesta área começa agora a ser marcada pelo surgimento
dos primeiros resorts, nos quais se conjugam as valências hoteleiras e
imobiliárias, sendo o Golfe, na maior parte dos casos, o produto turístico
âncora.
Já no retalho, as oportunidades para diversificação
e expansão da oferta, que é ainda bastante limitada, são muitas, considerando o
ritmo do crescimento demográfico e as características populacionais, os novos
hábitos e necessidades de consumo. Em Luanda, a oferta existente continua a ser
dominada pelo comércio de rua e denota-se uma carência de conjuntos comerciais
integrados que sejam capazes de satisfazer a procura das classes emergentes, e
especialmente os espaços que agreguem marcas
internacionais. Face a este potencial, é expectável a entrada de diversos
retalhistas internacionais em Luanda.
Por outro lado, o setor
industrial e logístico continua afirmar-se como uma das áreas imobiliárias com
maior potencial de crescimento, considerando a escassa oferta e tendo em conta
o crescimento do tecido industrial de Angola.
Mas outro setor a merecer atenção é o do investimento
imobiliário. Passado mais de um ano da aprovação da lei que criou a figura dos fundos
de investimento imobiliário em Angola, a indústria imobiliária, os investidores
institucionais e as instituições financeiras que operam neste mercado estão
definitivamente mobilizados para a utilização deste tipo de instrumento, com a
constituição de vários fundos de investimento imobiliário atualmente em curso
por iniciativa das mais diversas entidades.
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