Esta é, de certeza, uma pergunta que muitos farão nos dias que correm, em que a economia Angolana está a ser afetada pela descida dos preços do petróleo, e sendo Angola, nos anos mais recentes, um destino preferencial para exportar atividade imobiliária portuguesa.
A primeira questão em que temos que nos deter é na atual conjuntura económica. Todos sabemos que a descida do preço do petróleo nos mercados internacionais tem afetado negativamente e de forma acentuada o comportamento da economia Angolana, especialmente tendo em conta a forte concentração da atividade económica nacional neste setor. Nos últimos anos têm sido encetados esforços louváveis para diversificar e reduzir a dependência da Economia deste setor, mas esta dependência continua ainda a ser dominante e é preciso continuar nesse caminho.
Dito isto, é preciso saber se esta performance económica em desaceleração teve impacto imediato no imobiliário. De facto, sim. Este abrandamento influenciou negativamente o dinamismo do mercado imobiliário, com uma redução na procura de imóveis quer habitacionais quer de escritórios e o respetivo reflexo quer no aumento do stock quer, consequentemente, nos valores praticados no mercado, nomeadamente nos preços e nas rendas. Contudo, e como acontece com todos os períodos menos favoráveis, também aporta algumas oportunidades, com os pequenos investidores a olharem para o imobiliário como uma alternativa de aplicação de capital face à presente instabilidade cambial. Ou seja, a absorção de produtos está também a surgir por via dos pequenos investidores, que se refugiam na compra de imóveis num contexto em que há mais oferta disponível e concluída.
Terceira questão que se coloca: este impacto no mercado imobiliário vai prolongar-se ou agravar-se? Não estando evidentemente alheia à reação do país ao choque do petróleo e à evolução da economia, esta fase não deverá estender-se por muito tempo, até porque os próprios ciclos de mercado mudaram e são muito mais curtos do que eram há 15 ou 20 anos. Sabemos claramente, contudo, que entrando numa nova fase de expansão, os moldes de crescimento e desenvolvimento futuro do mercado imobiliário de Angola serão diferentes de momentos anteriores, provavelmente com valores ajustados à realidade de hoje.
Chegamos então à questão inicial: Angola continua a ser um bom destino de investimento? Para o setor imobiliário, não há dúvida!
Por um lado, para quem investe em construção e promoção de imóveis, mesmo com este abrandamento, é um mercado onde há ainda espaço para crescer, pois permanecem insatisfeitas necessidades imobiliárias quer na habitação quer nos escritórios e também no retalho, embora o ritmo e tipo de procura não seja o mesmo que anteriormente, quando o mercado sofreu um verdadeiro boom.
Por outro lado, o próprio investimento imobiliário, na perspetiva de um mercado institucional e da aquisição de ativos de rendimento, ainda agora está a dar os primeiros passos, com os Organismos de Investimento Colectivo (OIC) – que enquadram entre outros instrumentos, fundos de investimento imobiliário. Com estes veículos, o investimento está facilitado e fica bastante mais transparente, condições cruciais para que ganhe ritmo junto dos players institucionais. No caso do mercado imobiliário, estão a entrar definitivamente nos objetivos de investidores e banca. Sentimos isso numa base diária e concreta, pois estamos ativamente a prestar apoio a muitas destas entidades nos trabalhos preparativos de constituições destes novos instrumentos. É, por isso, mais uma razão para acreditar no mercado imobiliário de Angola e no facto de este continuar a ser um destino de investimento apetecível.
E assim, volto a dar resposta à pergunta inicial. Sim! Angola é um bom destino de investimento para o imobiliário!
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Por Francisco Barros Virgolino
Director da Proprime
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