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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Crowdfunding imobiliário: uma nova alternativa de investimento e financiamento?

Após alguns anos turbulentos e de contenção no setor imobiliário, os portugueses estão a olhar novamente para este setor como uma opção relativamente segura e rentável. A atual conjuntura, que se traduz nomeadamente numa maior liquidez financeira por parte dos investidores nacionais, sugere que o mercado deve continuar bastante dinâmico.

Neste contexto, o crowdfunding como alternativa de investimento e financiamento tem conquistado o setor imobiliário rapidamente, sobretudo do lado de quem investe e procura alternativas mais rentáveis, mas também na própria obtenção de financiamento por parte dos promotores imobiliários.

O modelo mais comum de crowdfunding aplicado ao setor imobiliário é o modelo de empréstimo, em que, em vez da obtenção de uma participação na empresa, os investidores concedem um empréstimo a uma pessoa singular ou empresa para um fim específico, sendo que o promotor financiado remunera os investidores através do pagamento de juros.


Para os investidores esta é uma oportunidade de entrarem neste mercado sem a exigência de uma grande quantia inicial, deixando este de ser exclusivo a investidores com grande capacidade financeira. A partir de baixos montantes (por exemplo 50€ como é o caso da Housers) pode investir-se de forma fácil e rápida, diversificando a carteira de investimentos. Simultaneamente, estes empréstimos de curto prazo taxas de juros altamente competitivas para os investidores, em relação a instrumentos financeiros tradicionais, e o retorno é mais facilmente calculado. 


Por outro lado, para o promotor uma das principais vantagens é ter acesso direto a capital sem a necessidade de passar por burocracias de credores tradicionais, permitindo uma maior agilidade no processo de empréstimo. As plataformas de crowdfunding não só tratam também de toda a relação e comunicação com o investidor, permitindo ao promotor concentrar-se apenas no projeto, como são ainda um canal de publicidade à própria entidade imobiliária, aumentando a sua reputação e reconhecimento.

A obtenção de financiamento é talvez um dos desafios mais frequentes para pequenos promotores imobiliários e até para alguns maiores, em determinados projetos. A burocracia e o tempo de espera característicos de quando recorrem a métodos tradicionais de financiamento podem ser um entrave no acesso ao capital. Como tal, é expectável que o crowdfunding imobiliário comece também a sercada vez mais popular, não só pelos investidores, mas também pelas entidades do setor que precisam de capital de uma forma simples e rápida, em comparação com os métodos tradicionais de financiamento.

Para se juntar a esta comunidade de financiamento colaborativo, o investidor tem apenas de fornecer algumas informações pessoais e informações sobre a sua conta bancária. Quanto aos promotores que queiram pedir um empréstimo, não há propriamente uma tipologia de projeto ideal para se juntarem a uma plataforma de crowdfunding. Uma taxa de rentabilidade atrativa e a duração do projeto são os fatores que mais influenciam a rapidez com que o promotor irá obter o capital. Em qualquer projeto, a plataforma faz ainda uma avaliação individual da experiência e capacidade financeira do promotor, bem como uma análise exaustiva do projeto, como por exemplo previsões de mercado ou mapas de cash-flow, que reflete o nível de risco para os investidores, de forma a garantir que este é atrativo mas também seguro dentro da tolerância ao risco de cada um. 

O crowdfunding é com certeza um modelo que veio para ficar, pois está a crescer rapidamente a nível internacional, como por exemplo em mercados como Espanha ou França, e em Portugal já é uma tendência. O aparecimento de plataformas no mercado, como a Housers aplicada ao setor imobiliário, comprovam o potencial deste modelo ao oferecer aos investidores uma alternativa onde investir e com rentabilidades muito atrativas e os promotores uma alternativa de captação de financiamento.  Prova disso é que, desde que a Housers entrou em Portugal, em outubro de 2017, cerca de mil utilizadores portugueses já investiram dois milhões de euros em imóveis na plataforma.

No entanto, o crowdfunding imobiliário não tem que ser um substituto radical aos instrumentos financeiros tradicionais. Pelo contrário, através deste método, o investidor consegue diversificar a carteira de investimento e para o promotor é o modelo ideal para poder complementar o seu financiamento – reduz a necessidade de capitais próprios e é útil em determinadas situações em que a banca não está disposta a fazer o empréstimo ou não tem um produto preparado para o tipo de projeto pretendido. 

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Por João Távora
CEO Housers Portugal

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