Este início de ano está a ser marcado por uma agitação constante na área da mediação imobiliária. Alguns profissionais começaram a acumular ansiedade sobre o futuro, outros começaram já a poupar recursos e dinheiro, pois temem instabilidade, mas há ainda outros tantos que se mantêm descontraídos e pensam que não se vai passar nada.
Falo todos os dias sobre este assunto e oiço as mais diversas opiniões, a maior parte delas fundamentadas em projeções, outras, no passado. O que é facto é que as mudanças são uma inevitabilidade, o que não sabemos ainda é o que é que afinal vai mudar ou se está já em mudança na mediação imobiliária. Será que como muitos defendem, a tecnologia vai acabar com esta profissão? Será que uma das profissões mais antigas do mundo vai terminar, ou simplesmente tem nas mudanças vindouras uma nova oportunidade de se adaptar?
Num dos meus encontros com profissionais do setor encontrei-me com o Nuno Ascensão da KW Portugal e falamos sobre este assunto, trocámos impressões, não só nossas, mas principalmente, falámos sobre as opiniões dos grandes players mundiais do nosso setor, que com base nos case studies mais conhecidos como a UBER, Tesla, Airbnb ou Amazon, começam a olhar de outra forma para realidades já presentes no mercado da mediação imobiliária como a Compass, Redfin, Purplebricks ou Opendoors, apenas para referir algumas. Será que são estas as empresas que serão o futuro da mediação imobiliária? E se forem, para quando?
Durante a nossa conversa foi citado o CEO da Keller Williams, Gary Keller que acredita que há 4 grandes hipóteses evolutivas em que muitas pessoas acreditam:
Tecnologia Total
Há pessoas que acreditam perfeitamente na desintermediação imobiliária e na substituição do Agente Imobiliário pela tecnologia, possivelmente uma substituição apoiada por uma APP munida de inteligência artificial, capaz de reproduzir linguagem emocional e que sozinha conseguirá juntar vendedores com comparadores.
Apenas precisamos quem mostre
Outras pessoas acreditam que a tecnologia fará grande parte do trabalho, sendo a única intervenção humana reservada para a visita ao imóvel. O Agente Imobiliário irá apenas abrir a porta e perguntar se pretende fazer uma proposta de compra ao imóvel, isto porque se considera que o processo de propostas e fecho será todo feito através de uma App. Aqui o Agente não irá desaparecer totalmente, mas a sua remuneração baixará drasticamente, possivelmente para valores entre os 0,5% a 1%.
Tudo vai ficar com antes
Esta classe de crentes, que possivelmente não quer ver o que está a acontecer pode ser equiparada à atividade do “taxista”, isto sem desprimor à atividade. Como sabem existem muitas pessoas que estão agarradas ao passado e à sua área de conforto, acham que tudo se vai manter na mesma, até porque as pessoas só fazem negócio com pessoas e não precisam da tecnologia para nada. Pois a verdade de uns, pode não ser a verdade de outros…
O profissional humano e tecnológico
Outras tantas pessoas acreditam na junção entre máquinas e IA ou Inteligência Artificial e profissionais, ou seja, na incorporação da tecnologia a sistemas e modelos de trabalho e negócio onde existe um ser humano que tem uma posição muito importante concentrada na parte humana do processo, como por exemplo o aconselhamento baseado na parte sensorial, emocional e criativa em que a tecnologia terá um papel fundamental para ajudar este profissional a tornar todo o processo mais personalizado, mais célere, mais transparente e por isso mais vantajoso para todas as partes.
Eu acredito que a mediação vai mudar como sempre mudou ao longo dos tempos, acredito que todas estas hipóteses podem existir, mas a escolha final da que mais predominará será sempre das pessoas.
E você? Em qual acredita?
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Por Massimo Forte
Consultor Independente
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