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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Reabilitação a custo zero

Um arquitecto de 27 anos concorreu à iniciativa FAZ - Ideias de Origem Portuguesa, com uma ideia: reabilitar prédios degradados a custo zero. Como?

Através do recurso a estudantes universitários, seria possível recorrer a arquitectos e engenheiros que projectariam e fiscalizariam as obras. Estas, seriam realizadas com o recursos a materiais doados por fornecedores a troco de benefícios fiscais.

A ideia parece-me interessante e com um bom fundo mas deixa-me com algumas dúvidas que terão de ser pensadas:

- Se os materiais são adquiridos a troco de benefícios fiscais, essas empresas fornecedoras como é que pagam os seus custos? Terão de ter algum fundo de maneio disponível, algo que hoje em dia é raro...

- No final do dia, quem beneficiará com a reabilitação serão os proprietários (para além, naturalmente, das próprias cidades). Poderão, inclusive, rever o valor das rendas (no caso de imóveis arrendados) vindo a ter um benefício económico sem terem tido o correspondente investimento. Como fazer para não beneficiar quem não merece ser beneficiado?

- A reabilitação urbana é importante para trazer alguma dinâmica ao sector da construção. No entanto, este sector, para além de trabalho, de obras, precisa também de dinheiro, algo que com esta ideia não existe. Há salários para pagar, materiais para pagar... o benefício fiscal, só por si, não alimentará ninguém...



Bons negócios (imobiliários)! E de reabilitação!

1 comentário:

Joao R. Gomes disse...

Parece-me bem que esta iniciativa "pensadora" exista e seja promovida, mas neste caso é mais um caso de um bom slogan do que pensamento colocado na ideia, onde o tal custo zero não existe, nem aqui nem em lado algum.

Aparentemente julgam que se faz reabilitação urbana, renovando edifícios, e que isto se faz com material doado - a troco de benefícios fiscais?! - empregue segundo projetos de jovens universitários sob fiscalização dos mesmos. Ou seja, trabalho de planeamento e gestão altamente especializado entregue à inexperiência, com os custos passados ao erário público, em beneficio de uns pretensos "senhorios carenciados", só falta recuperar aquela ideia de uma semana de trabalho voluntariado em prol da nação.

Os meus 2 cêntimos:
Parece-me que o caminho para a reabilitação urbana esteja na desburocratização/simplificação de alguns atos relacionados com a posse e titularidade de bens imobiliários e o desenvolvimento de um modelo económico com um sistema de conversão da propriedade em ações de participação que gerem valor e rendimento aos proprietários afetados