Lia há dias no Jornal i que o Estado está a pagar € 5,00 a cada avaliador por processo de avaliação de casas para efeitos de actualização do valor patrimonial, na sequência da assinatura do acordo com a Troika.
Estado paga 5 euros a arquitectos e engenheiros para avaliarem casas
Perante a dimensão do trabalho que os técnicos avaliadores tinham pela frente, as Finanças pediram ajuda às Ordens dos Engenheiros e Arquitectos (porque ficaram de fora ANAI, ACAI e CMVM, por exemplo?) que fizeram uma triagem e publicaram as listas de peritos avaliadores.
Agora, as Finanças propõem pagar 5 euros, julgo eu, por processo de avaliação.
Parece-me termos chegado a um ponto, no sector das avaliações, que importa parar para reflectir. O avaliador não pode ser pago desta forma, o seu trabalho não pode ser diminuído a uma nota de 5 euros (pronto, tudo bem, a 5 moedas de 1 euro!). Não pode, não deve, para bem do imobiliário!
Com este preço não é possível fazer um bom trabalho. O avaliador, naturalmente, irá investir o menor tempo possível para dar um valor de avaliação patrimonial à casa que estiver a avaliar. Se for possível limitar-se a fazer uma conta matemática, fá-lo-à. Só assim poderá investir mais tempo nas casas para as quais não houver informação suficiente e for necessário fazer uma visita. É caso para dizer, "por uns pagam os outros". Mas é necessário não esquecer que este trabalho terá uma implicação na vida de centenas de milhares de agregados familiares em Portugal. É preciso lembrar que este processo agora em curso tem implicação directa na nova lei de arrendamento e na relação futura entre proprietários e inquilinos.
Quem me conhece e acompanha o blog, sabe o que penso sobre este assunto. A culpa também é nossa, do mercado imobiliário. Optamos por concorrer pelo preço em vez de cada um se diferenciar pela qualidade. O esmagamento de margens no sector das avaliações está a tornar-se incomportável. Arrisco mesmo a dizer que hoje se pratica dumping na avaliação imobiliária.
Para bem e no interesse de todos, julgo ter chegado a hora do sector se reunir e se associar para defesa dos seus próprios interesses. Os preços na avaliação deverão começar a ser ditados pelos avaliadores e não pelo Cliente. Isto só se me afigura possível havendo uma total convergência de interesses no sector, algo que aparentemente não existe. O que é pena, digo eu...
Bons negócios (imobiliários)!
Estado paga 5 euros a arquitectos e engenheiros para avaliarem casas
Perante a dimensão do trabalho que os técnicos avaliadores tinham pela frente, as Finanças pediram ajuda às Ordens dos Engenheiros e Arquitectos (porque ficaram de fora ANAI, ACAI e CMVM, por exemplo?) que fizeram uma triagem e publicaram as listas de peritos avaliadores.
Agora, as Finanças propõem pagar 5 euros, julgo eu, por processo de avaliação.
Parece-me termos chegado a um ponto, no sector das avaliações, que importa parar para reflectir. O avaliador não pode ser pago desta forma, o seu trabalho não pode ser diminuído a uma nota de 5 euros (pronto, tudo bem, a 5 moedas de 1 euro!). Não pode, não deve, para bem do imobiliário!
Com este preço não é possível fazer um bom trabalho. O avaliador, naturalmente, irá investir o menor tempo possível para dar um valor de avaliação patrimonial à casa que estiver a avaliar. Se for possível limitar-se a fazer uma conta matemática, fá-lo-à. Só assim poderá investir mais tempo nas casas para as quais não houver informação suficiente e for necessário fazer uma visita. É caso para dizer, "por uns pagam os outros". Mas é necessário não esquecer que este trabalho terá uma implicação na vida de centenas de milhares de agregados familiares em Portugal. É preciso lembrar que este processo agora em curso tem implicação directa na nova lei de arrendamento e na relação futura entre proprietários e inquilinos.
Quem me conhece e acompanha o blog, sabe o que penso sobre este assunto. A culpa também é nossa, do mercado imobiliário. Optamos por concorrer pelo preço em vez de cada um se diferenciar pela qualidade. O esmagamento de margens no sector das avaliações está a tornar-se incomportável. Arrisco mesmo a dizer que hoje se pratica dumping na avaliação imobiliária.
Para bem e no interesse de todos, julgo ter chegado a hora do sector se reunir e se associar para defesa dos seus próprios interesses. Os preços na avaliação deverão começar a ser ditados pelos avaliadores e não pelo Cliente. Isto só se me afigura possível havendo uma total convergência de interesses no sector, algo que aparentemente não existe. O que é pena, digo eu...
Bons negócios (imobiliários)!
4 comentários:
Concordo inteiramente com o seu artigo.
Penso nos milhares de contribuintes que não sabem que têm trinta dias para reclamar a avaliação ou, mesmo que saibam, não têm duzentos e quatro euros para pagar uma segunda avaliação. Sinceramente, acho que há algo de má fé no meio disto.
É realmente estranho que só tenham sido consideradas as Ordens dos Engenheiros e dos Arquitetos para as avaliações. Corporativismo à Portuguesa que não faz avançar o país.
Já agora, acrescento que os honorários são pagos em média, 6 meses depois de concluído o trabalho pelo avaliador. Ou seja, além do valor recebido ser ridículo, o avaliador ainda tem de despender razoáveis quantias em prol do estado, durante vários meses. "Pagar para trabalhar", onde é que eu já ouvi isto ?
Quero corrigir que o valor pago por avaliação, não são 5 euros. É muito menos!
O valor será definido por unidades e é cerca de 1 euro por unidade.
Pelo conhecimento que tenho, nalguns casos pode mesmo chegar a 50 cêntimos por avaliação.
O que dizer disto?
Para não falar também do corporativismo da Ordem dos Engenheiros, da Ordem dos Arquitectos e também a APAE (Associação Portuguesa de Avaliações de Engenharia?
Porque fica de fora a CMVM? Estranho...
É necessário unir esforços da ANAI e ACAI!
Tiago Ribeiro
Gonçalo,
Concordo plenamente co mo teu artigo. É exemplar, incisivo e oportuno.
Deixa-me, ainda, dizer que tocaste com o dedo na ferida, em relação à forma de competitividade existente entre as mais de 50 empresas de avaliação no mercado. Trata-se de um tema assaz interessante, uma peleja bastante árdua e um verdadeiro tabu. Existe uma certa e determinada empresa que, em tempos antigos, forjou um tipo de negócio ou estratégia de efectuar avaliações a preços baixos por todo o país, cujo modelo foi facil e mimeticamente copiado. A empresa citada criou uma equipa de técnico-administrativos (com ou sem experiência - contratados a salários medianos) que controlavam o trabalho executado por uma equipa externa que, em tempos áureos, era composta por "não licenciados" sem formação na área, mediadores, engenheiros, arquitectos e gestores. A mesma empresa originou, por conseguinte, a proliferação de outras entidades que, por sua vez, acreditavam que "usurpavam" trabalho à concorrência, praticando preços mais baixos do que aqueles que eram praticados. Enfim, a qualidade ficou "esquecida", em detrimento do volume de trabalho que se recebia. Hoje, existem mais de 50 empresas de avaliação que continuam a competir através dos preços em vez da qualidade que é, hoje, indubitavelmente, urgente. É premente que a classe de avaliadores que preconizo e pretendo integrar (Membros do RICS) se insurja com veemência por valores relevantes para uma melhor prática na avaliação imobiliária. Menciono, somente, a classe de avaliadores da referida associação, já que duvido da existência de qualidade da maior parte das entidades inscritas na C.M.V.M..
Acredito, enfim, que os grandes players do mercado imobiliário (Gestores de FII, Investidores, etc...) reconhecem e sabem onde jaz a qualidade. Finalizo, assim, em tons de brincadeira com o slogan forjado: "Para uma boa prática da avaliação, saibam contactar o João".
Um abraço, Gonçalo.
João Garcia Barreto
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