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terça-feira, 10 de abril de 2012

O low-cost no imobiliário


Fernando Vasco Costa
Strategic Consultancy
Jones Lang LaSalle






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Praticamente todas as tendências do mercado imobiliário português apontam para a redução de custos.

As poucas movimentações registadas no mercado nos últimos tempos devem-se maioritariamente a renegociações para redução de rendas, maior racionalização de espaços utilizados, concentração de serviços…

Por outro lado assistimos ao aparecimento de novos conceitos apoiados em lógicas de low cost – hostels, escritórios em co-working, novas cadeias de ginásios, etc.

Esta é uma tendência há já bastante tempo sentida em outras indústrias e mercados, em que se extremam cada vez mais os mercados high-end e low cost, com a grande redução do mercado do “meio”, anteriormente maioritário.

Em todas as indústrias o segmento low cost é altamente sofisticado e profissionalizado, de modo a conseguir-se racionalizar ao máximo os custos. Para se obter uma oferta de qualidade ao mais baixo preço é necessário recorrer aos melhores recursos, como forma de garantir os objectivos delineados.

Deste modo não faz sentido cortar nos “soft-costs”, mas sim valorizar a sua importância na cadeia de criação de valor e no objectivo de racionalizar ao máximo os “hard-costs”.

Ou seja, não se deverá “poupar” em (boas) avaliações, (bons) estudos de mercado, em (bons) projectos ou num (bom) project management, que permitem obter um melhor produto, mais adaptado ao mercado e com mais garantias de cumprimento dos orçamentos previstos.

Devemos sim exigir soluções e projectos mais criativos, mais eficientes e que nos permitam obter melhores produtos, mais ajustados à realidade do mercado.

Ora, isto é exactamente o contrário do que se tem feito na generalidade do mercado imobiliário português com a velha história dos “when you pay peanuts, you get monkeys”. Não há milagres…

Neste tempo de crise profunda temos de investir num melhor planeamento, em melhor gestão, em melhores projectos e num melhor controlo de custos. Temos de conseguir canalizar os escassos recursos disponíveis para onde podem realmente acrescentar valor.

Se o problema é a falta de liquidez, temos de ter a criatividade de o conseguir de outra forma, não o fazer será agravar o problema.

Um dos mercados onde penso que irá sentir-se mais esta necessidade é o do Arrendamento Residencial, que é o grande desafio que temos em frente, a Reabilitação das nossas Cidades e torná-las atractivas para Promotores, Inquilinos e Investidores.

Quando sabemos que a maior parte dos potenciais inquilinos apenas terá disponibilidade para pagar rendas a rondar os 400/600€, que tipo de produto poderemos ter disponível nesta gama de preços e que seja rentável?

E é este o desafio com que nos deparamos no mercado imobiliário: como conseguiremos ter preços mais baixos que se adaptem à procura existente?

Na minha opinião, e depois das devidas correcções no valor dos terrenos e imóveis existentes, vamos assistir a uma verdadeira revolução no tipo de oferta que aparecerá no mercado, com redução de áreas totais e dos compartimentos, redução dos níveis de acabamentos e equipamentos, criação de soluções mais polivalentes de utilização de espaços, entre outras.

Não vejo estas alterações como uma fatalidade, muito pelo contrário, vejo-as como uma oportunidade, onde será premiada a eficiência, a racionalidade e, acima de tudo, a criatividade.

6 comentários:

Anónimo disse...

Bom artigo, parabéns.
Gonçalo Vilarinho

Anónimo disse...

Artigo interessante. Ontem discuti este assunto numa aula. Pergunta: como pode um promotor resolver o problema da falta de credito e do custo de investimento, que na maior parte dos casos é elevado?

Rui Cruzeiro

Anónimo disse...

Concordo com o Fernando, é essencial recriar a oferta de habitação.
Francisco Rocha Antunes

Gonçalo Nascimento Rodrigues disse...

Antes de mais, aproveito para dar as boas-vindas ao Fernando. Estreia-se com um artigo muito actual e importante.

Hoje precisamos de ser muito criativos, não só do ponto de vista do produto, como também na gestão, na comercialização e mesmo do ponto de vista do financiamento.

Boa pergunta a do Rui, mas cada caso é um caso. Diria, à partida, há sempre uma solução, tenho estudado vários casos, todos eles com soluções diferentes, mesmo com alavancagens grandes.

Concordo de que temos de ser capazes de adaptar a oferta à procura que actualmente existe. Deixar de pensar em fórmulas antigas e pensar um pouco out of the box.

Abraço.

catarina diniz disse...

Adorei o seu artigo.
É exactamente na valorização da oferta que estou a trabalhar.

Estamos a desenvolver o conceito de home staging em Portugal, com base no conceito da valorização do produto imobiliário e com vista a maximizar o potencial comercial dos imóveis.

Adaptá-los à procura actual, do ponto de vista da qualidade e do conforto é o nosso objectivo.

Amanhã estarei no ETV a partir das 8h a falar sobre o conceito que estamos a desenvolver.

Convido-o a conhecer o nosso website e facebook:

http://www.homestagingfactory.com/
https://www.facebook.com/HomeStagingFactory

Cumprimentos,
Catarina Diniz

Gonçalo Nascimento Rodrigues disse...

Catarina,

Obrigado pelo comentário. Já conhecia a V. empresa e acho o conceito muito apropriado e actual. O trabalho que desenvolvem é muito importante para maximizar o sucesso na venda.

Cumprimentos,