Por João Fonseca
ECS Capital
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Caros leitores do Out-of-the-Box, em 2011 todos participámos no Censos 2011. Alguns com mais interesse do que outros, e com maior empenho nas respostas, lá preenchemos os formulários do inquérito.
Desde aí, e paulatinamente, temos vindo a receber, por diversos meios de comunicação, informação baseada nos resultados provisórios do Censos.
Muita gente se perguntou qual o interesse, ou para quê esta despesa quando devia estar todo o país a apertar o cinto. Mas, o que é um facto é que informação é poder! Sem informação temos as nossas opções muito limitadas, e isso também se aplica ao imobiliário.
Quais então os resultados do Censos que nos podem interessar? O site do INE tem um espaço dedicado especificamente à divulgação de resultados provisórios do Censos 2011. A apresentação dos resultados definitivos está prevista para o último trimestre de 2012, mas até lá o INE vai publicar informações sobre temas relevantes.
Para além de ficarmos a saber que a população residente em Portugal, no dia 21 de Março de 2011, era composta por 10.561.614 pessoas, o Censos também nos dá informações úteis para quem anda no Imobiliário. Vejamos:
1) População:
A população aumentou em 205 mil indivíduos, +2%, mas o nº de famílias aumento 11%? Como se explica isto? Com uma redução em 8% da dimensão média das famílias.
Implicações no imobiliário? Mais famílias geram mais procura, mas as habitações que as famílias procuram serão mais reduzidas, já que a dimensão média da família diminuiu.
Como é óbvio, devemos ter cuidado ao tentar fazer estas interpretações directas, que nem sempre reflectem a realidade que conhecemos; mas a tendência de redução da dimensão das famílias está registada na estatística!
2) Alojamentos:
O nº de alojamentos em Portugal aumentou 16%, quando a população apenas aumentou 2%, que implicações é que isto terá na ocupação destes alojamentos? (ponto 3 adiante).
E a distribuição deste acréscimo de alojamentos no País? Terá sido uniforme nas várias unidades NUTS 1 e 2? No Algarve e na Madeira não foram, seguramente:
De acordo com o INE, por alojamento familiar entende-se “Alojamento que, normalmente, se destina a alojar apenas uma família e não é totalmente utilizado para outros fins no momento de referência.”
3) Forma de ocupação dos alojamentos:
Quanto à forma de ocupação dos alojamentos, em média 68% tratam-se de residência habitual, 19% de residência secundária e 12,5% encontram-se vagos:
Chamo a atenção para o Algarve, em que 39% dos alojamentos são residência secundária, como expectável.
O quadro seguinte, extraído de um Destaque do INE sobre o Censos 2011, apresenta a variação na forma de ocupação entre 2001 e 2011:
No total, o nº de alojamentos vagos aumentou 35%, e o nº de residências secundárias aumentou 23%, enquanto que o nº de residências habituais aumentou 12%. O crescimento agregado destas três formas de ocupação geraram o acréscimo de 16% do total de alojamentos no período, referido anteriormente.
4) Alojamentos vagos
De acordo com o INE, um alojamento vago é um “Alojamento familiar desocupado e que está disponível para venda, arrendamento, demolição ou outra situação no momento de referência”.
De acordo com o Censos, o nº de alojamentos vagos aumentou 35%, mas destes apenas 15% estão disponíveis para arrendamento:
Não deixa de ser curioso que apenas 15% dos imóveis devolutos sejam considerados disponíveis para arrendamento. A percentagem parece-me muito reduzida, numa altura em que a procura no mercado de arrendamento é muito elevada, o que me suscita algumas questões:
- quantos destes alojamentos vagos estarão no mercado paralelo de arrendamento (o chamado “sem recibo”)?
- quantos destes alojamentos pertencerão a proprietários que preferem mantê-los devolutos a correr o risco de arrendar a um inquilino devido à falta de segurança jurídica no arrendamento em caso de incumprimento?
Com o contínuo aumento da fiscalização por parte das Finanças e com a próxima entrada em vigor das alterações na legislação do arrendamento, suponho que ocorrerá uma maior transferência do número de alojamentos vagos para o mercado do arrendamento, e uma correcção do valor estatístico publicado.
Em jeito de conclusão, o Censos 2011 já é uma ferramenta muito útil para quem trabalha no Imobiliário e procura compreender as tendências do mercado, actuais e para os próximos 10 anos, e vai tornar-se ainda mais útil quando forem divulgados os resultados definitivos. Até lá, resta-nos aguardar com paciência e ir digerindo as informações que são publicadas esporadicamente.
Bons negócios imobiliários...
ECS Capital
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Caros leitores do Out-of-the-Box, em 2011 todos participámos no Censos 2011. Alguns com mais interesse do que outros, e com maior empenho nas respostas, lá preenchemos os formulários do inquérito.
Desde aí, e paulatinamente, temos vindo a receber, por diversos meios de comunicação, informação baseada nos resultados provisórios do Censos.
Muita gente se perguntou qual o interesse, ou para quê esta despesa quando devia estar todo o país a apertar o cinto. Mas, o que é um facto é que informação é poder! Sem informação temos as nossas opções muito limitadas, e isso também se aplica ao imobiliário.
Quais então os resultados do Censos que nos podem interessar? O site do INE tem um espaço dedicado especificamente à divulgação de resultados provisórios do Censos 2011. A apresentação dos resultados definitivos está prevista para o último trimestre de 2012, mas até lá o INE vai publicar informações sobre temas relevantes.
Para além de ficarmos a saber que a população residente em Portugal, no dia 21 de Março de 2011, era composta por 10.561.614 pessoas, o Censos também nos dá informações úteis para quem anda no Imobiliário. Vejamos:
1) População:
A população aumentou em 205 mil indivíduos, +2%, mas o nº de famílias aumento 11%? Como se explica isto? Com uma redução em 8% da dimensão média das famílias.
Implicações no imobiliário? Mais famílias geram mais procura, mas as habitações que as famílias procuram serão mais reduzidas, já que a dimensão média da família diminuiu.
Como é óbvio, devemos ter cuidado ao tentar fazer estas interpretações directas, que nem sempre reflectem a realidade que conhecemos; mas a tendência de redução da dimensão das famílias está registada na estatística!
2) Alojamentos:
O nº de alojamentos em Portugal aumentou 16%, quando a população apenas aumentou 2%, que implicações é que isto terá na ocupação destes alojamentos? (ponto 3 adiante).
E a distribuição deste acréscimo de alojamentos no País? Terá sido uniforme nas várias unidades NUTS 1 e 2? No Algarve e na Madeira não foram, seguramente:
De acordo com o INE, por alojamento familiar entende-se “Alojamento que, normalmente, se destina a alojar apenas uma família e não é totalmente utilizado para outros fins no momento de referência.”
3) Forma de ocupação dos alojamentos:
Quanto à forma de ocupação dos alojamentos, em média 68% tratam-se de residência habitual, 19% de residência secundária e 12,5% encontram-se vagos:
Chamo a atenção para o Algarve, em que 39% dos alojamentos são residência secundária, como expectável.
O quadro seguinte, extraído de um Destaque do INE sobre o Censos 2011, apresenta a variação na forma de ocupação entre 2001 e 2011:
No total, o nº de alojamentos vagos aumentou 35%, e o nº de residências secundárias aumentou 23%, enquanto que o nº de residências habituais aumentou 12%. O crescimento agregado destas três formas de ocupação geraram o acréscimo de 16% do total de alojamentos no período, referido anteriormente.
4) Alojamentos vagos
De acordo com o INE, um alojamento vago é um “Alojamento familiar desocupado e que está disponível para venda, arrendamento, demolição ou outra situação no momento de referência”.
De acordo com o Censos, o nº de alojamentos vagos aumentou 35%, mas destes apenas 15% estão disponíveis para arrendamento:
Não deixa de ser curioso que apenas 15% dos imóveis devolutos sejam considerados disponíveis para arrendamento. A percentagem parece-me muito reduzida, numa altura em que a procura no mercado de arrendamento é muito elevada, o que me suscita algumas questões:
- quantos destes alojamentos vagos estarão no mercado paralelo de arrendamento (o chamado “sem recibo”)?
- quantos destes alojamentos pertencerão a proprietários que preferem mantê-los devolutos a correr o risco de arrendar a um inquilino devido à falta de segurança jurídica no arrendamento em caso de incumprimento?
Com o contínuo aumento da fiscalização por parte das Finanças e com a próxima entrada em vigor das alterações na legislação do arrendamento, suponho que ocorrerá uma maior transferência do número de alojamentos vagos para o mercado do arrendamento, e uma correcção do valor estatístico publicado.
Em jeito de conclusão, o Censos 2011 já é uma ferramenta muito útil para quem trabalha no Imobiliário e procura compreender as tendências do mercado, actuais e para os próximos 10 anos, e vai tornar-se ainda mais útil quando forem divulgados os resultados definitivos. Até lá, resta-nos aguardar com paciência e ir digerindo as informações que são publicadas esporadicamente.
Bons negócios imobiliários...
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