Quem me conhece e costuma ler os meus artigos, sabe que sou um insistente e persistente defensor da criação da Ordem dos Avaliadores. Em outubro de 2013 escrevi um artigo com o nome “A ordem que faz falta”.
Na altura referi “o sector precisa urgentemente de uma Ordem, de Valores, de Regulação. É urgente a criação de uma Ordem de Avaliadores que regule, fiscalize e tutele a atividade de Perito Avaliador de Imóveis. A outorga da Cédula Profissional poderá ser precedida de exames de qualificação e seleção.”
Um outro e importante assunto é a Formação Contínua (sigla inglesa “CPD” – Continuing Professional Development) e a Certificação Profissional.
Embora alguns Avaliadores se auto intitulem como “Peritos Certificados pela CMVM”, tal não corresponde à realidade pois a CMVM apenas confere o registo para “o exercício da atividade dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro da área bancária, mobiliária, seguradora e resseguradora e dos fundos de pensões”. A CMVM não concede nenhuma certificação. Salvo melhor opinião, estes Avaliadores estão a informar mal o mercado e os seus Clientes.
Neste momento há apenas duas importantes e credíveis instituições que são equiparadas a Ordens Profissionais:
RICS – Royal Institution of Chartered Surveyors
Identificam-se como sendo uma “associação profissional global que promove e aplica os mais altos padrões internacionais na avaliação, management e desenvolvimento de terrenos, imóveis, construção e infraestrutura”.
Referem que “Acreditamos mais de 130.000 profissionais qualificados e estagiários e qualquer indivíduo ou empresa registada connosco está sujeito à nossa garantia de qualidade. Estamos orgulhosos de nossa reputação e protegemo-la com força, para que os clientes que trabalham com nossos profissionais registados possam confiar na qualidade e na ética dos serviços que recebem”.
Em Portugal existem atualmente 108 membros alguns deles admitidos pela variante Chartered Valuation Surveyor. Destes 41 são RICS Registered Valuer.
TEGoVA - The European Group of Valuers’ Associations
Identificam-se como sendo uma “associação europeia composta por 71 associações de avaliadores de 37 países, representando mais de 70.000 avaliadores na Europa. Uma associação pan-europeia de entidades profissionais que trabalham por padrões, ética e qualidade no mercado de avaliação imobiliária”.
Os membros desta Associação têm três categorias: Recognised European Valuer (REV); Recognised European Valuation Company (REVC) e TEGoVA Residential Valuer (TRV).
Neste momento, em Portugal, existem duas associações membros efetivo do TEGOVA: ASAVAL - Associação Profissional das Sociedades de Avaliação e muito recentemente a Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários (ANAI).
No site da TEGoVA verifica-se que em Portugal existem atualmente 34 membros.
A admissão de Membro a estas duas instituições é precedida de exigentes exames efetuados por um Júri constituído por três elementos. Trata-se de uma prova de avaliação de conhecimentos.
No meu ponto de vista é importante que todos os profissionais que lidam com a Avaliação Imobiliária façam Formação Contínua. Os Peritos Avaliadores devem submeter os seus conhecimentos a avaliação de terceiros, aderindo a uma destas Associações.
De salientar por último que a Ordem dos Engenheiros tem a Especialização de Avaliações de Engenharia e confere o Título de Engenheiro Especialista em Avaliações de Engenharia “aos engenheiros que, pelo seu conhecimento, competência, conduta, doutrina profissional, cultura na temática e experiência profissional neste domínio, possam constituir-se como referência para os demais engenheiros ligados a esta atividade, assim como para a Administração Pública e entidades privadas com intervenção neste importante sector da atividade económica.”
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Francisco Espregueira, MRICS REV
Perito Avaliador de Imóveis
francisco.espregueira@sapo.pt
2 comentários:
Boa Tarde
Pois o problema é que temos pagar fees, as pessoas sabem quanto é que ganha um perito avaliador externo/interno, um interno geralmente ganha um pouco acima de mil euros e o externo se for bom, ganha menos do que isso, se for mau, faz uma quantidade enorme de processos, geralmente mal feitos e ganha mais do que um bom perito, a CMVM, estes peritos, não fiscaliza, porque são os internos que corrigem o trabalho deste avaliadores, às vezes, a custa de uma enorme paciência.
Falo por mim, com este honorários, pagos pela banca, só mesmo avaliações particulares e para os tribunais em processos de partilhas são +/- bem pagos.
Pagamos à CMVM 300 euros por ano no mínimo por uma supervisão, que não existe, no entanto, como base, temos que pagar:
300 CMVM.
260 Seguro de RC.
100 Seguro de AT.
170 Euros Ordem Profissional da formação base.
Verdade seja dita, não ganhamos o suficiente para ser RICS/REVC, portanto vejo isso mais como um interesse corporativo, mais um, do que garante de qualquer qualidade.
O seu post, tem boas intenções, mas esbarra na realidade Portuguesa, que não é animadora.
Cumprimentos
Caro Ricardo Dias:
Muito obrigado pelo seu interesse neste tema e por participar nesta conversa. Peço desculpa por não ter respondido mais cedo.
Compreendo perfeitamente o S/ ponto de vista.
Quando estava a ler o seu comentário, lembrei-me do que se diz: “É uma pescadinha de rabo na boca”. Não me pagam, então eu não me valorizo profissionalmente e, do outro lado, eu não me valorizo profissionalmente e, por isso, não me pagam.
Julgo que temos de ser nós, Peritos Avaliadores de Imóveis, a desfazer este círculo vicioso. Como deverá saber, sou membro RICS e REV. O investimento e a formação contínua estão mais do que pagas.
Contrariamente ao que diz, o RICS é um garante de qualidade.
Por um lado, as provas de admissão são seletivas e por outro já fui fiscalizado duas vezes, uma das quais por um RICS Reviewer, vindo de Bruxelas, que esteve toda uma manhã no meu escritório.
Ainda há Clientes que pretendem qualidade.
Francisco Espregueira
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